O THBR está retornando neste ano um projeto paralisado em 2017 que é o “Fã do mês”, no qual a cada mês uma pessoa será escolhida para ser entrevistada e ter um espaço aqui em nosso site. Informações de como participar no final da postagem.
Para o retorno, convidamos nada menos do que o dublador brasileiro do Tom Holland: Wirley Contaifer, no qual criamos um enorme carinho e vínculo ao longo desses anos.
Wirley Contaifer é ator, dublador e a voz do Tom Holland no Brasil há mais de 5 anos. Ao longo desses anos criou um carinho enorme pelo ator e um vínculo com sua fã-base no Brasil.
Como foi o processo para se tornar a voz oficial do Tom Holland no Brasil? Isso trouxe algum impacto na sua carreira?
Acima de tudo, muito obrigado por me alcunharem voz oficial desse, que sou fã até a última célula! Embora “oficial” não seja um termo que se sustenta muito na dublagem do Brasil, me faz brilhar os olhos ser entendido como parte “disso”, porque só caibo em coisas assim porque tenho vocês – muito obrigado! Em colocação seguinte, tenho de volta de imediato a memória da primeira cena que vi em estúdio, quando usei pela primeira vez “o traje de herói” na cena-teste que incluía um Tony Stark sentado no mesmo sofá que a tia May, no primeiro ato de Peter Parker, em “Capitão América: Guerra Civil” (2016), onde, por comparação das vozes consideradas para concorrer ao papel do Homem-Aranha em uma primeira rodada (que normalmente costuma ser a única), ficou ajustado o acréscimo de mais uma voz – sendo esta, a minha – para conferência e decisão, tal como foi. É quando eu puxo a fala, em vezes públicas, de que “às vezes você pode não ser o primeiro lembrado, nem o segundo considerado e talvez nem mesmo o terceiro imaginado” para determinada coisa ou situação – quantas vezes em nossas vidas não somos parte dessa colocação? Naquilo que desenha um dos acontecimentos mais importantes da minha carreira e da minha própria vida, eu fui o último “nome” (e numericamente, o quarto) puxado para ser parte disso e hoje sou a voz brasileira do primeiro Homem-Aranha da Marvel, em seu universo cinematográfico! E tal como pus nas palavras anteriores, a chegada do Tom Holland em minha vida, no aspecto profissional, principalmente, me estendeu a real grande responsabilidade (porque é) de sê-lo e o ápice do que tenho concentrado nesses 15 anos de exercício como dublador profissional até aqui.
Sabemos que você acabou se tornando um grande fã do Tom e que também foi muito bem recebido pelos fãs. Como se sente em relação a isso e também ao laço que criou com esses fãs?
Somos parte da constatação de que “um mais um” soma-se “um” como resultado algumas vezes, quando muitas até. Na minha visão e utilizando da mesma linguagem do Homem-Aranha, eu penso que nós somos “espetacularmente” parte da mesma “vizinhança” que sublinha de quem o Homem-Aranha é “amigão” – somos do mesmo território, nós andamos juntos! Antes de ser quem expande um pouco mais o trabalho do Tom no nosso país, eu sou o igual fã de seus feitos como ator e de seus exemplos como ser humano, e também sou aquele que igualmente colide com rumores por aí sem ter ideia do que é procedente ou não, e quem vibra com confirmações a respeito de tudo que constrói a pirâmide de acontecimentos de cada projeto específico dele, sem privilégios imaginados pelo fato de eu estar associado a ele, com exceção, obviamente, de ser parte da gravação dos diálogos em português, podendo experimentar das cenas (quase sempre protegidas por múltiplas sinalizações na tela para evitar problemas de compartilhamento indevido de conteúdo) de Holland com certa antecedência. E acho, inclusive, que as pessoas que se reúnem pelo Tom e que também acolhem e apoiam o meu trabalho, apontam para uma das maiores coisas em meio a isso tudo, porque é justamente quando elas compartilham que eu faço sentido para elas, cujo quem todo o meu trabalho é pensado e destinado, eu flutuo! Na continuação do exemplo que dei, exemplifico, imaginando sempre que estamos em casas, onde nossas portas e janelas estão sempre abertas para uns aos outros entrarem.
Até o momento já são mais de 5 anos dublando os trabalhos do Tom e também se envolvendo bastante em conhecer mais sobre ele. Durante esse tempo houve algo que marcou você em relação ao seu trabalho e o Tom Holland?
A percepção, talvez, de que não é, nem nunca foi somente um alinhamento da minha voz a um rosto, tomado como um encaixe – é muito mais que isso; em larga escala é! Holland está fora do alcance das palavras que tenho “em estoque” para definir alguém que tem rendido tantas experiências e cores novas ao longo dos últimos tempos, em minha vida, particularmente. Em outras palavras, tudo isso é sobre saltar sem sair do lugar e ser uma representação daquilo que tanto acredito e que muitas pessoas acreditam também! Sempre defendi que é um dever dos atores em dublagem, especificamente em exemplo aqui (mas não somente), arrancar de sua atividade tudo que faz sentido para a nossa realidade e fixar em seu cotidiano, como se fosse verdadeiramente um dever de casa permanente e em prática constante. O que mais me marcou em todo o envolvimento que é parte de todos esses anos sendo voz para Tom Holland é justamente o brilho desta lição, naturalmente observada, absorvida e içada de mim também. Por que significar uma coisa verdadeiramente valiosa e importante em um local de trabalho somente, quando eu posso reescrever as linhas do “ser heroi” do lado de fora, sobretudo? Então, acho que o que tenho em mais alta conta em relação à associação com o Tom e principalmente com o Homem-Aranha dele é a possibilidade de maximizar a iluminação proveniente do “ser agora” para que outros também possam ser!
Sobre os próximos trabalhos do Tom você está ansioso por algum deles em específico? Já se imagina dublando esses projetos?
Acho que por um par de motivos, ao menos, estou na ponta dos pés, esperando “Cherry” chegar, embora seja verdadeiro afirmar que espero por tudo que ele tem feito ou ainda vai fazer! Um grupo de palavras-chave usadas para descrever esse projeto ao longo do tempo me fez prestar atenção em demasia nas curvas e nas linhas dessa montanha-russa que compila algumas vivências da linha do tempo do autointitulado Cherry. Fora que, observo com confiança que esse título vai contemplar o Tom com reconhecimento extra por sua atuação e entrega, uma vez que ele mesmo descreve o quanto de vida e esforço, ele empregou nisso, para variar! E de mais a mais, e antes de qualquer outro longa-metragem anunciado dele, eu espero ansiosamente pelo terceiro filme solo do Homem-Aranha (assim como tudo que abrigue o herói dentro), no qual sou quase que automaticamente parte integrante! (…) E sim, como dublador regular e fã dele, me imagino dublando seus projetos novos ou suas sequências, mas entendo que permanecerei sempre somente onde eu couber e assumo que também sempre estarei pronto para “sê-lo” uma vez mais!
Ainda sobre os trabalhos do Tom, sabemos que com o tempo o ator amadurece em seus projetos, tem mudança no tom de voz e sotaque, algo que foi visto recentemente em “O Diabo de Cada Dia”. Isso impactou de alguma forma o seu trabalho na dublagem do personagem Arvin Russell?
Dentre todos os mergulhos que foram parte deste processo, o mais profundo foi onde “nadei” junto da DarkSide Books (que assinou a publicação brasileira do livro, base-central do filme), quando eles direcionaram uma cópia física da história para eu ler. A ideia de que isso poderia servir de munição pra mim estava todo tempo presente nas entrelinhas, embora nada tenha sido compartilhado. Por sorte, “acabei chegando a tempo” para concorrer ao personagem (…), posto que a Netflix quis ouvir dubladores nos personagens-centrais, para escolherem o que pareceria melhor encaixados nesse projeto, como tradicionalmente faz! Minha cabeça explodiu quando soube que estava “dentro” mais uma vez e por um “estalo de dedos” retornei para junto da hora que foi firmado o primeiro teste para o Tom. Mas sobre como me “coloquei” como Arvin, acho que o maior respaldo que eu tive foi o próprio trabalho de Holland, disposto no áudio original, enquanto eu sincronizava as falas em português, o que também me permitiu ser profundo, quando Arvin respirava as cinzas de sua própria linha do tempo. Aliás, me dei conta, mais e mais, que ele sublinhava algumas sentenças com um sotaque interiorano, que tentei injetar em minha vez também, embora de forma mais sutil, e obedecendo a linha de raciocínio e comando da direção de dublagem que não havia apontado para essa necessidade. No mais, “O Diabo de cada dia”, fez os meus joelhos encontrarem o chão, ao final das gravações, assim como os meus dedos indicadores das mãos encontraram o Céu, ao apontarem para o alto – foi uma superação e um imenso troféu, quando muita coisa não parecia “a meu favor”.
Por último, sabemos que acompanha nossa página há um tempo e gostaríamos que, se possível, deixasse alguma sugestão, comentário ou algo que gostaria de ver futuramente por aqui.
É bom demais ter um lugar para alinhar os cartuchos que são base de toda comunidade e para o que a gente tem de torcida, recepciona como teorias e visualiza como concretizações – existe um lugar para pousar e se abastecer e vocês são a principal liderança para falar do Tom, praticamente em caráter oficial, e s’eu tenho a compôr qualquer linha sobre, eu coloco a torcida de que vocês possam ser mais do mesmo de tudo que vocês têm sido, uma vez que isso tem sido e feito uma diferença sem tamanho para quem espera pelo Tom e pelo que ele tem concedido através de sua filmografia! (…) E assim formamos o combo numeroso que contempla o avanço cinematográfico de um ator predileto em comum ao firmamento de nossas próprias relações em torno dele! É bom demais ser fã e parte de alguém que é tão de verdade como Tom Holland – e isso os inclui, obviamente. Obrigado por sempre, a vocês e a quem está lendo estas linhas minhas, e avante noite e dia! <:)
Quer participar do fã do mês? Basta ler e seguir as informações deste post.